Sobre Lobos

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Sobre Lobos
(Poema de André Ricardo Andrade - andreandrade_sl@hotmail.com)

Lobo da Noite

Subindo pela montanha
Sem que os pés toquem o chão
Descobrindo em suas entranhas
Que a água corre com perfeição

Chegando próximo ao céu
Tocando as nuvens brancas
Sentindo o doce véu
Esquecendo o profundo pranto

Sinto-me um lobo da noite
Uivando para lua bela
Olhando as estrelas
Sou sentinela

Lobos

Nada viu e tudo julgou
Nada sentiu
Seu ego predominou
Iluminei a noite quando a luz se apagou
Fui até o sol
Pra sentir o calor
Nadei em um oceano de pedras
Sobre ele flutuei
Encontrei o verde nesta selva
Subi até a montanha
Procurei por aquela visão
E senti na alma a criação

Lobos me viram
A mim vieram
Lobos uivaram
Algo para mim trouxeram
Era o dia, era à noite
Era o sol, era à lua

Lágrimas

Lobos insaciáveis esperam pelo som
Este que soa no interior da alma
Liberdade e igualdade no mesmo tom
Abutres voam rasos
Ursos tornam-se coelhos
Quem antes andava, hoje vive de joelhos
Morcegos voam de dia
Cães não latem mais

O incorreto nos traz
Insanidade apenas cega
A dor não é comum
Saudade com esperança
E as lagrimas mais uma vez correm

Imunes a Morte

Lobos imunes a morte
Artífices do amor
A lamina que um dia me causou um corte
Hoje bebe prantos e terror

Passos evoca a noite
Olhos pesados perdidos
Dançando cegamente
Os mortos de ontem, hoje estão vivos

Percepção

A serpente de fogo surgiu ao norte, nas entranhas do ódio. Ela é grande, não quero que ela chegue até aqui. Partirei em fuga com meu barco pelo denso oceano de gelo.

As ruas estão cheias as vozes não se calam. As pessoas parecem condenadas a esta perpetua rotina. A busca do TER, esquecendo o SER em uma esquina qualquer.

O sol surgiu, as aves levantaram vôo, a água desceu da nascente, o vento começou a soprar. A mais bela das estações estava descoberta. O rio cruzou rapidamente sob a percepção da rocha. Os olhos de cristal brilharam.
O repouso do vento surpreendeu a aurora. O repouso do sol cedeu no agora. A lua apareceu quando o coiote uivou.

Viajante

Aventura é o sangue do viajante
Tanto a conhecer
Na vida, para apenas por um instante
É na hora de morrer

Quando a noite chegar
E o lobo trouxer aventura
Nas águas irá encontrar
A mais bela ternura


O olhar é do cume distante
Que parece desafiar nosso viajante
Seu sangue muito esquenta
E lá está novamente sob vento constante

A Fada de Avalon

Mármores de eterna brancura
Imunes ao passar do tempo
É o lobo sedento que uiva com bravura

Território assombroso
Pântano sem fim
Estrelas solitárias permanecem
Constelações são mundos imperceptíveis

Os olhos dos lobos são o alem
A fada de Avalon procura um, porém
E lá continua o barco
Deslizando na crista de teus longos cabelos

*Poema escrito pelo meu amigo André, amigo-poeta de canções, bandas, vida boemia, estudos e discussões.

15 comentários:

Letícia disse...

Eu sou apegada a símbolos e sempre vejo o lobo como um carnívoro que destrói suas presas. Mas por ser assim, vive sozinho. Esse poema dividido em partes, me fez pensar que é assim a vida. Um dia é uma parte e assim vai a história. E esquecer de ser é o que todos fazemos. Também somos lobos. Mas somos, de vez em quando, mansos e sofremos mais.

Bonito, Coltrane.

E é assim. Vc é sempre generoso e traz poemas de amigos seus para que outros possam ler. Você é o lobo que não destrói.

Bjs.

Love you, Friend.

Letícia disse...

E eu não durmo. ¬¬

Anônimo disse...

Lindos e de uma qualidade invejável!!

"Sinto-me um lobo da noite
Uivando para lua bela
Olhando as estrelas
Sou sentinela"
(André Ricardo)

Dulce Miller disse...

Lobos sempre me inspiraram desconfiança e medo, mas ao mesmo tempo, muita força. Assim como esse belo poema.

Beijos!

Maya disse...

"Sinto-me um lobo da noite
Uivando para lua bela
Olhando as estrelas
Sou sentinela"

Quando eu fico uivando pra lua bela e olhando as estrelas eu sou quem PRECISA de sentinela! ^^

Quero um abraço de aniversário, hein?

Anônimo disse...

Leandro, gostei da ligação de um poema ao outro. Como quadros cinematográficos dando continuidade ao nosso raciocínio. Bom fim de semana! Beijus

Andre R. de Andrade disse...

obrigado pelas críticas! é um grande prazer receber comentários construtivos como estes... deixo meu contato andreandrade_sl@hotmail.com

Leandro Neres disse...

Valeu André, belíssimo teu poema, ótima metáfora e mergulho...
Abração!
Leandro

Lorena disse...

Esse poema me lembrou o filme Na Natureza Selvagem... Por vários motivos, mas principalmente pela necessária solidão dos personagens principais, uma busca incessante por respostas, uma fuga da realidade sufocante, a viagem de auto-conhecimento e o encontro com a verdade, no final das contas. Adorei. O poema é lindo e as metáforas são poderosas, e eu sou fã de metáforas. =D

Beijos, Leo.

Anônimo disse...

escreve-se muito bem por aqui.




Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO

Marco Alcantara disse...

Uivei horrores.

AUUUUUUUU!!!!!

Marco Alcantara disse...

Abraço Neres, deu uma sumida...

Apareça rapaz!

Anônimo disse...

Cara, eu fiquei mal agora.

Estava jogando alguns arquivos fora e vi um tal de "apresentando vox" e era o seu audio sobre o podcast.

Foi mal, a minha cabeça voa demais, tive que correr aqui e dar uma explicação para um amigo.

Eu tentei abrir o Bilhetes, mas não deu.

Espero que tu me perdoe.

Éverton Vidal Azevedo disse...

Cara eu curti muito. Não sei porque esse cara não tá no Bilhetes. E eu curti a apresentação também, em especial o "boemio" hahaha. Não te imagino na vida de boemio rsrsrs.

Éverton Vidal Azevedo disse...

Ah e eu vou imitar isso aí das divisões em partes. Muito conotativo. Bom mesmo. E agora voltei Neres. Volto com mais calma para ver os posts antigos.

INté!