Londrina, terra fértil...

sábado, 11 de outubro de 2008

Uma das maiores alegrias nestes últimos dias foi ter re-reencontrado uma grande pessoa e amigo da infância e adolescência e que agora se dedica a arte... Este amigo morou na minha "famosa" Vila dos Operadores - SP (de que sempre falo nos memes que perguntam sobre minha infância) e também em Três Lagoas, depois foi estudar em Londrina, na mesma universidade onde fiz minha primeira faculdade. Lembro-me que em meados de 2000-2001 eu havia tomado um baita susto com esse amigo que não encontrava há um certo tempo, depois do colegial ainda não o tinha visto. Estava ele com barba e cabelo cumprido e com vestimentas alternativas, eu simplesmente não o reconheci, sabem aquela velha brincadeira de um amigo chegar e dar um tapinha nas tuas costas e dizer, assalto, depois sorri e vc fica em paz? Então, comigo não funcionou, tomei um tremendo susto, fiquei estático por uns segundos e só o reconheci quando ele disse sorrindo "não me reconhece, da Vila?"... Nem preciso falar da vergonha que me veio e o cumprimentei com as mãos ainda tremendo... Não esqueço desse fato porque foi minha única experiência com a sensação de ser assaltado, ainda bem que na única vez  foi apenas uma boa brincadeira... Mas o interessante que não me esqueço deste reencontro também porque ao conversar com este amigo descobri que ele havia desistido de estudar Medicina e estava fissurado no universo das artes visuais, fotografia, etc e tinha encontrado sua paixão... Lembro que cheguei a comentar com meus familiares sobre o ocorrido, pois, na época, para mim era uma loucura, lógico que não comentei nada com esse amigo, apenas disse com uma certa displicência, bom, tem um campo muito bom...  O fato é que acabei me mudando de Londrina e nunca mais o vi. 
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Ontem eu estava procurando coisas na internet sobre curtas e cinema brasileiro, fui parar no site do Festival de Gramado, um referência para o cinema brasileiro. E entre os filmes premiados estava um intitulado Booker Pittman, me interessei de imediato, pois se trata de um dos nomes do Jazz e fui procurar saber mais. Descobri que este curta havia sido gravado em Cornélio Procópio!, cidade satélite de Londrina, e foi coordenado por um grupo chamado Kinoarte, o qual promove oficinas de cinema e produz estes curtas... E eis que tomo o melhor susto, uma alegria de me fazer lembrar de um fato tão distante no tempo, mas que trouxe a melhores das lições! O amigo que havia citado está na coordenação deste premiado grupo e é um dos diretores. Booker Pittman passou a ser coadjuvante e fiquei vendo os vídeos e os bastidores da produção destes filmes e cada vez me sentia orgulhoso do sucesso dessa turma e da forma empenhada e brilhante com que este amigo trabalhava. E depois de tanto ver os filmes e a história deste grupo, que é relativamente nova, acabei refletindo sobre minha própria vida e pensei, ainda há tempo de me agarrar a algo em que me dê esse brilho e essa paixão! Isso é o que importa!

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Voltando ao curta... Este filme recebeu várias premiações no 36º Festival de Cinema de Gramado, além do prêmio de melhor filme, segundo a crítica. E o Prêmio de Aquisição do Canal Brasil, que lhe confere a exibição em circulação nacional por dois anos.
Premio Especial do Júri:
Booker Pittman de Rodrigo Grota

Melhor Diretor de Arte:
José de Aguiar pelo filme Booker Pittman 

Melhor Música:
Booker Pittman pelo filme Booker Pittman 

Prêmio da Crítica:
Booker Pittman de Rodrigo Grota
Este são dois dos curtas do Kinoart, O Casaco foi filmado em Londrina - PR. Em especial me marcou uma cena a beira do Lago Igapó, eu morava perto daquela região do lago e sempre após minhas caminhadas sentava lá por um tempo para descansar... Interessante a sensação que tive ao ver aquela região do lago, ainda mais por estar inserida numa história tão criativa e envolvente... Quanto ao curta Booker Pittman, assistam e vejam o porquê de tantos elogios! A versão final é de 15 minutos... Encontrei somente esta mais reduzida, mas mesmo assim é fantástica!

De acordo com o diretor Grota, a estrutura de “Booker Pittman” é a mesma de uma música de jazz: “É um filme bem diferente do ‘Satori’. Desde o começo, queríamos fazer um filme sobre o jazz, sobre o meio de vida que é o jazz: as viagens, a vida errante, a autodestruição, a simultaneidade, a fragmentação.Todos esses elementos deveriam conduzir a abordagem do filme, desde o método de filmagem até a montagem final.
O filme está repleto de digressões, fragmentos, emoções que não se completam, histórias entrecruzadas: nada muito claro, um pouco disperso até, mas elementos independentes que no conjunto final podem adquirir uma certa unidade”, observa Grota.  (http://www.festivaldegramado.net/noticia/530)
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O Casaco
 
Making Of - O Casaco
     Booker Pittman - Morre um nome
Making Of - Booker Pittman - Morre um nome

16 comentários:

disse...

É bom quando encontramos velhos amigos.
Eu sou especialista em esquecer o nome e a fisionomia da pessoas, mas basta uma palavra que eu lembro, da voz não me esqueço.
Dicas ótimas para o fim de semana.
Tenha um final de semna muito gostoso e cheio da graça de Deus!
Beijos Rô!

Leandro Neres disse...

Haha! Sim, comigo é exatamente assim!!! Veja os filmes sim Rô, vale a pena!
Bom fim de semana para ti tbm! Fica com Deus!

Luma Rosa disse...

Leandro, eu também ficaria assustada! Afinal passaram-se tantos anos e o seu amigo estava longe do 'original' e também porque fui assaltada algumas vezes. Aqui no Rio, se alguém fizer uma brincadeira desta, está arriscado a ficar encrencado.
Nunca é tarde dentro da brevidade da vida para encontrar aquilo que nos traz satisfação. Acho que deve procurar. Quem procura acha! ;)
Vamos torcer pelo prêmio!! Bom fim de semana! Beijus

Leandro Neres disse...

Sim, Luma, você tem razão, uma brincadeira como essa numa cidade grande é loucura mesmo... Mas eu vejo a boa intenção, provavelmente ele ao me ver na rua deve ter esquecido do contexto de "cidade grande", afinal na Vila nunca foi registrado um único assalto e Três Lagoas naquela época tinha um trânsito povoado por carroças...
E obrigado pelas palavras de motivação, vou procurar sim, sem medo!
E vamos torcer também para que mais filmes saiam e quem sabe um longa!
Bjs
Leandro

Letícia disse...

Li o texto mais cedo e assisti ao vídeo "fragmento" Booker Pittman e o Making Off. Sim, tem gente fazendo arte em nosso país e isso é um dos pontos positivos dessa década que estamos vivendo. Mas me prendi ao seu texto. Encontrar um amigo que largou tudo e se tornou "Alternativo e Conotativo". É preciso coragem pra largar um caminho certo e padronizado e entrar de cara na arte. Mas é libertação. Pode vir através de religião, largar certos hábitos e deixar de lado também esse medo que desconserta nossas vontades. E você pensou em você ao encontrar seu amigo e eu penso em mim ao ler seu texto. Sim, como já dizia o Renato Russo, "temos muito ainda por fazer - não olhe pra trás - apenas começamos".

E escrever é isso que você fez e tem feito. Largar a palavra e deixar fluir como um acorde perfeito de jazz.

E o que me chamou atenção no vídeo.

"Ele não tinha lugar certo"

" Muito simples, muito quieto, muito calado".

Impressões que temos sobre o outro. Cinema e toda a arte é feita de impressões.
Bjs conotativos.

E me deu vontade de passar a noite ouvindo jazz. Parece liberdade. :)

Camila disse...

Leandro, que história bonita! É sempre bom você ver um amigo de infância tendo sucesso na carreira que escolheu ou muito feliz com sua mulher e seus lindos filhos, né? E esse seu amigo que desistiu da medicina (o que pra mim é quase um absudo, já que passei anos da minha tentando entrar) e agora está se sobressaindo em um meio mais alternativo! Que lagal mesmo!

Ain, não vou ter tempo de assistir ao curta agora, mas prometo voltar e assistir depois, tá?

Beijinhos!

Anônimo disse...

Ain, que emocionante!!!!
Leo, eu tenho um amigo de infância q hoje eu acho ele um suceesso. Enqnto lia seu post fiquei lembrando dele, ele é um sucesso no que eescolheu....
BEijão, Leo!
Bom FDS

Amigao disse...

Amigão,
Este post me lembrou alguns amigos e de como fico orgulhoso quando consulto a ficha tecnica e os vejo envolvidos.
É muito bom mesmo.
Volto depois pra ver os videos.

Abração do amigao

Suzi disse...

É tão bom quando temos esse tipo de prazer, e tão maravilhoso quando fazemos algo que nos coloque brilho nos olhos!!

(p.s. eu, geralmente, detesto ter de ficar procurando a teclinha do "stop" para parar a música dos blogs - geralmente abro várias janelas ao mesmo tempo e quando dois, três, quatro blogs têm música... já viu a balbúrdia que fica, né? mas confesso que amei o som que veio daqui, hoje.

"Yo quise imaginarme
la Gran Revolución
que derribara el muro
que levantó el más puro
derecho de admisión...
Yo quise imaginarme
infiel a la lección
que afirma que la vida
es solo un viaje de ida
a ninguna estación..."

Lindo!

Pétala disse...

A vida é feita de sonhos e se temos a coragem de abandonar tudo e sair por aí em busca de daquilo q nos fará realizar...é muito válido, sem comparação a sensação de vitória.

bjos!

Leandro Neres disse...

Alice,
Jazz é liberdade, em sua maioria, as manifestações de jazz sao dores procurando fuga... Por isto a vida errante, viajante e fragmentada...
Bjos :)

Camila,
Realmente uma loucura, mas que bom q deu certo, e deu certo porque é paixão e talento... Quando tiver tempo veja sim, eu gostei mto... bjs

Su,
Que legal q lembrou de um amigo que arriscou e está bem tbm, isso é mto bacana!Eu sempre fico feliz pelo sucesso dos amigos... Bjos!

Amigão,
Que bom q vc é assim tbm, acho mto legal sentir alegria pelos amigos, eu carrego mtas coisas de meus amigos, mesmo os de antigamente e vê-los crescendo sinto q em mim algo sempre desperta e me dá esperança... Abs!!!

Suzi,
Eu tbm faço isso, abro várias janelas e já vou clicando eu pausa, depois volto a cada um deixo rodar, rsrs... Mas eu gosto do automático, as músicas dizem mto tbm, dão uma atmosfera, quando a gente entra num blog e vai ouvindo uma canção diferente já vai se preparando em entrando em harmonia, mesmo sem querer, rsrs...
Essa letra é de Imaginación, do Luis Eduardo Aute, esse cantor tem uma poesia e uma voz impressionante, eu sou fã! rs Bjos!

Sonhadora...
Obrigado pela visita!!! E concordo, sem sonho não há vida... Bjos

Leandro

Germano Viana Xavier disse...

Leandro, eu vi uma matéria ao vivo do festival de Gramado na TV Brasil e era sobre esse filme. E quando venho aqui, você me traz essa aproximação sua com o teu amigo. É incrível como o mundo é pequeno e grande ao mesmo tempo. E teu amigo fez a melhor coisa do mundo abandonando medicina. O caminho certo é o que mais pulsa. Ele, certamente, está feliz. E é o que importa. Fico devendo as impressões sobre o filme, pois minha internet é discada e não dá pra ver vídeos, e não tenho áudio.

Um abraço de seguir firme.

Lorena disse...

Primeiro, que bom ler sobre seu amigo, a história de vocês... Eu gostaria muito de saber que todos meus amigos de infância deram certo naquilo que se propuseram fazer. É engraçado isso de como às vezes a gente acha que o melhor para os outros é o melhor pra gente, né? É assim mesmo, lembro de um amigo meu que resolveu estudar Belas Artes, como ele foi criticado na escola por isso! Mas só você vendo esse menino desenhar pra entender, aquele era o mundo dele (pena foi que ele não conseguiu continuar a faculdade, não teve condições...).
E que ótimo documentário, eu assisti o do Booker Pittman, eu e minha ignorância completa sobre Jazz nunca tínhamos ouvido falar dele... Achei linda a história e achei linda a música! =)

beijos, Leo!

Dulce Miller disse...

Poxa, Leo...que história legal essa, fiquei imaginando o susto que você levou, na verdade, os dois sustos!! rsrsrsrsrs

Que maravilha ficar sabendo que seu amigo está vencendo naquilo que realmente queria fazer! Isso serve de lição pra qualquer um de nós!

Adorei demais o teu texto, pena que aqui no trabalho não posso assistir os vídeos, mas farei isso quando chegar em casa!

Beijão, boa semana pra você!

Anônimo disse...

Cara... que chato, perdi um comentário imenso que acabei de fazer aqui...

Anônimo disse...

Grosso modo eu achei a história engraçada e achei bacana tua alegria com o sucesso do teu amigo. Nao pude ver os videos. Ver videos, ouvir músicas nesses cybers da vida sao luxos que nao me pertencem kkk. Uma ou outra vez eu consigo.

Percebi em alguns dos teus poemas mais recentes esse lance, essa busca pelo Jazz. É como disse o Grota a respeito do filme: está repleto de digressões, fragmentos, emoções que não se completam, histórias entrecruzadas: nada muito claro, um pouco disperso até, mas elementos independentes que no conjunto final podem adquirir uma certa unidade.

É algo que em menor proporçao também tenho buscado. Entao, antropofágico como sou rs vou ficar acompanhando tua evoluçao nesse sentido pra ser influenciado também hehehe.

Abraçao.
Inté!